PRECISAMOS DE SIDUR PARA REZAR ?

 

                       PRECISAMOS  DE  SIDUR  PARA  REZAR ?

“Pelo que todo aquele que é santo orará a Ti a tempo de Te poder achar.” (Salmos 32:6).

“Em meio a noite me levanto para Te louvar, pelos Teus justos juízos.” (Tehilim 119:62).

Por: Benyamin ben Avraham.

    As palavras :'Oração e reza' são sinônimas, e portanto qualquer interpretação sobre diferenças em seu significado é mera conjectura interpretativa. Elas significam a mesma coisa. Nenhuma leitura substitui a leitura do Tanah, e nenhuma oração será mais poderosa e ideal que a que nasce no seu coração, e se dirige diretamente ao Seu Deus em sinceridade.  Quando adotamos um livro para chamarmos de: ‘Nosso livro de orações’, deveríamos perguntar: Qual será que foi o livro de orações usado pelos profetas e personagens bíblicos? O próprio significado da palavra: ‘Sidur’ parece nos dar a resposta com exatidão.  A palavra 'Sidur' significa: ‘Arranjo’. Sim, qualquer livro de orações desenvolvido a partir da Torá e do Tanah nos dias modernos é apenas um arranjo; e como a própria palavra já diz, é algo improvisado. Nenhum personagem bíblico o usou. Este ‘arranjo’   tem três ingredientes: Conteúdo bíblico, 'utilidade' e criatividade humana. A criatividade humana é muito maleável, e abre 'parênteses' para interpretações muitas vezes não adequadas, dependendo de quem as faz. Uns um pouco mais outros um pouco menos mas estes três ingredientes estão em todo 'arranjo de orações' compilados pelo homem. Apenas o primeiro item não muda, mas a ‘utilidade’ pode ser diferente para cada indivíduo. Pois vai depender do grau de conhecimento do Tanah (bíblia), de cada indivíduo. Uma oração escolhida pelo autor de um Sidur ou ‘livro de rezas’ pode ser bela e arrebatadora para um e quase simples demais e de fraco significado para outro. E quanto a ’criatividade’… bem, essa realmente tem uma variedade muito grande de região para região do mundo onde o livro foi feito. No livro de Esdras 3:10 fala de uma ‘instituição de Davi’, rei de Israel, onde fica claro que havia já regras um 'arranjo', no uso dos cânticos (Salmos) que os sacerdotes cantavam. Ou seja: havia também um ‘arranjo’. Naturalmente que para que todos cantem terão que ter uma cópia do canto cada cantor, ou então se certificarão de que todos decoraram  a letra. Esta palavra: 'instituição' usada pelo tradutor, naturalmente poderia ser substituída por sua sinônima 'arranjo' sem nenhum problema. O que David fez foi uma seleção de Salmos que seriam usados no momento apropriado; e quando fizemos isso com as orações, selecionando passagens bíblicas, podemos chamar de 'oração bíblica', Quando são "orações" sem este conteúdo, estão minimamente as vezes baseados neles, o que não diminui a sua importância. É impossível manter um padrão neste assunto. Acompanhe as orações da manhã de Shabat em uma Sinagoga em Israel, Brasil e Estados Unidos e você vai perceber uma variedade de tudo isso que estou falando. Tem muitas diferenças de um país para outro. Os judeus Anussitas do Brasil seguem um padrão de orações e estudo compartilhado com o minian diferente  de tudo já visto, de uma forma descontraída e proveitosa. De um modo geral porém, não existe um padrão para melodias, principalmente nas ‘rezas cantadas’. Cada região ‘cria’ sua própria para determinada reza ou leitura. Os judeus falashas de Israel tem um padrão de orações que em nada se assemelha a nenhum Sidur jamais feito por outros judeus. Possuem uma “liturgia” digamos assim antiquíssima, mas nem por isso será poderá provar que é original. Onde é que quero chegar ao abordar este assunto? Quero aclarar na mente de todos os verdadeiros estudiosos das Escrituras Sagradas (Tanah), que a melhor oração é aquela que sai do interior do judeu praticante. (Prov. 15:29). Nenhum livro por mais engenhoso que seja, será capaz de usar as palavras certas que Deus quer ouvir de você. Para Deus as atitudes falam mais alto que palavras. Um livro de oração pode ser útil em reuniões e agrupamentos de judeus feitas com objetivo comum: Reunir, congratular-se, desfrutar da companhia um do outro, cantar louvores, avivar a fé, fortalecer a união. (Salmos 33). Afinal, até mesmo nos cultos no deserto a ardem dos sacrifícios tinham sua previsibilidade e o rito era praticamente sempre o mesmo. O que mudava eram as pessoas, os sacerdotes, etc. As canções é que eram muitas e com certeza, belas dando todo um avivamento ao culto. Mas hoje em dia, por que as Sinagogas quase nunca estão cheias? Alguns responderão: “Porque a maioria dos judeus mora longe, e não gosta de viajar de carro no Shabat.” A maioria pega o carro no Shabat para ir a outros lugares. Existem lugares onde um grande número de judeus mora perto e mesmo assim a Sinagoga sofre a maioria das vezes para conseguir minian, (minimo de 10 pessoas). Estas desculpas são meras desculpas. O verdadeiro motivo para falta ninguém fala. Quando é casamento ou festa elas ficam cheias. Então qual é o verdadeiro motivo das faltas as rezas na Sinagoga? Resposta: A mesmice das rezas. A repetição cansativa de partes já lidas e exaustivamente repetidas. Um repertório de melodias curtíssimo. Esta previsibilidade além de ser mecânica é cansativa lembra  quem o faz de que ele poderia estar lendo ou fazendo algo espiritualmente bem mais elevado, que estar ali repetindo aquela ‘decoreba’. O “social” as vezes fala mais alto em detrimento do verdadeiramente espiritual e este habito muitas vezes faz parte de um ciclo vicioso imperceptível em nome do ‘socialmente correto’. Ler diretamente no Tanah, por exemplo e recordar um episódio bíblico, amplia meu conhecimento e é efetivamente mais construtivo. As pessoas que nunca faltam o fazem por não terem nada melhor que fazer, ou porque são designadas pela congregação para tal, e portanto, isso é um compromisso assumido. Algo diferente e “mais interessante” acontece e…: elas faltam. Ir a Sinagoga ou ao grupo de orações deveria ser algo que desse prazer, que provocasse um entusiasmo contagiante, algo ansiosamente esperado; afinal é um momento sagrado da minha vida e nada pode ser mais importante. Mas não é assim. É na maioria dos casos mais uma obrigação que uma atitude espontânea e alegre. Claro, ninguém é doido de falar isso as claras como eu faço aqui.  Você seria chamado de herege, pecador e possivelmente seria repreendido pelo rabino caso o fizesse.  Mas esta é a realidade que ninguém diz. Por que? Por falta de criatividade.  Cabe aqui um elogio a algumas Sinagogas americanas, onde o serviço religioso conta também com a participação instrumental e é bem alegre e de um repertório melódico de 'cair o queixo'. É possível assisti-los on-line no Shabat, para os que  usam estes meios no Shabat. Não vejo nada errado nisso, desde que direcionado e dosado devidamente, será de uso espiritual como qualquer coisa que considero permitido no Shabat. Apesar de ser um livro bastante extenso, os livros de oração judaicos de maneira geral, seguem o padrão estabelecido pela comunidade e não abrem espaço para a oração espontânea, caso pudesse ser feita de maneira natural por quem soubesse orar. Isto está fora dos padrões entre os judeus hoje, mas não estava nos tempos bíblicos. (Veja a oração de Salomão na inauguração do Templo). Por isso, e por muitos outros motivos mais,  que o judaísmo atual, seja ortodoxo, tradicional, caraíta ou reformista não é mais o bíblico, como explico em uma matéria do blog. Eles mesmos reconhecem. As orações nos tempos bíblicos eram feitas com as próprias palavras, numa conversa e súplica direta ao Eterno. “Um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” (Salmos 51:15-19). São centenas de exemplos de orações espontâneas em toda Torá e Tanah. Isto só, feito dentro das Sinagogas poderia pôr um pouco de “naturalidade” ao serviço, tornando-o menos mecânico. Por incrível que pareça, nas Sinagogas liberais felizmente já apresentam sinais desta: 'Oração espontânea' quando a ração silenciosa é feita. Muitos tem a falsa impressão e passam esta mesma impressão para os outros, que o conteúdo de um Sidur seja: ‘liturgia original’. Como se agora ele tivesse a oportunidade de rezar igual ao pessoal que estava no deserto, igual faziam os que saíram do Egito. Que o conteúdo do livro de orações dos judeus é o mesmo dos tempos bíblicos. Não é assim.  Os judeus do Sinai e depois dele não tinham livro de orações. Eles estudavam o Tanah. Estudar a Torá e o Tanah jamais cansa, jamais é enfadonho, por mais que você leia, não parece repetitivo. E por que? Porque é o Livro por excelência. O povo se reunia e ouvia. Não havia livros. Liam a Torá, e Seu Autor é O Criador de todas as coisas. É o manual do ser humano.  Assim que, aquele que falta as rezas na Sinagoga muitas vezes o faz para poder estudar verdadeiramente a Torá, e ler também o Tanah, estes são tão ou mais judeus do que aqueles que nunca faltam. Por isso recebemos ordem de estuda-lo dia e noite, de dedicarmos tempo a isso e de o termos sempre a mão (Josué 1:8; 8:35). Sim, este deve ser o nosso verdadeiro livro de orações e meditação e que fará as normas de nossa conduta na vida, (Deut. 4:1,2). Conhecer o conteúdo completo da história judaica mundial perde o sentido sem conhecer a história dos primeiros de nosso povo; sim eles são os personagens bíblicos. Conheço judeus que são assíduos frequentadores de Sinagoga, e se perguntados por um episódio ou personagem bíblico, não terão resposta, pois simplesmente não os conhecem, ou raramente ouviram falar dele. Acham que rezar pelo Sidur é mandamento de Torá, que isto é uma mitsvot. Chegam a creditar de verdade nisso; e o tempo que deveriam estudar o Tanah como um todo passam rezando mecanicamente. Grasso engano. Muitos nunca leram o Tanah inteiro. A Torá não manda rezar nos Sidurim, porque Sidurim é coisa do judaísmo moderno. Embora ele tenha digamos assim: sua 'utilidade', dirão alguns que o adotaram com esmero diariamente, não há de verdade nenhum mandamento que possa abonar este pensamento como obrigatório. Em Josué 1:8 está escrito: “Não se aparte da tua boca o Livro desta Lei, antes medita nele dia e noite…” As Sagradas Escrituras não nos mandam usar um “livro de orações,” ordena que usemos outro Livro todos os dias. É por isso que muitos judeus que não tem conhecimento bíblico  passam aperto com meros evangélicos que “estudam” a bíblia, pois estes judeus não leem o Tanah. Yahuh Nosso Deus jamais recebeu oração vinda de um ‘livro’ previamente escrito nos tempos bíblicos.  A exceção é claro, fica com os louvores, que eram sim, o livro de cantos, que conhecemos hoje como: Salmos. adotados na epoco e posteriormente a David. As orações de Seus seguidores e servos vinha do coração e da alma expressando a realidade dentro da presente circunstância. Qualquer livro de orações por mais antigo que seja, feito em Israel e muitíssimo antigo não estão de posse de nenhuma ‘liturgia bíblica original’pois esta só existia no tempo do Beit Hamikdash, e só poderia ser feita por sacerdotes e levitas. Está perdida, e só poderá ser trazida de volta na forma adequada pelo Mashia, que as receberá direto do Criador. Pra piorar, o conteúdo dos Sidurim rabinita sofre influência talmúdica. Para os judeus que não seguem o Talmud isso é péssimo. Os livros de orações dos judeus não talmudicos são feitos de passagens bíblicas puramente, e seu uso não é obrigatório. Usa quem quer. Não acho que seja errado usar, só não concordo que deva ser usado todo dia de forma mecânica e que seja preciso fazer exatamente como está ali.  Minha vontade de rezar naturalmente não deveria  ser anulada para um padrão “supostamente autorizado”. Ser metódico e mecânico não é exatamente algo natural e espontâneo de um servo de Adonai. Este é um padrão e método adotado na era moderna, repito. Nem acho que seja errado dispensá-lo, e simplesmente sequer usá-lo. Cada um é livre para usar ou não. Meu judaísmo não está atrelado a um livro recém criado, mas a Tanah, (que contém a Torá), muito mais antiga. Ler e aprender direto da fonte é incrível. A maioria dos judeus, talmudistas ou não, usam Sidur nas Sinagogas. Principalmente os judeus que estudaram a fundo este tema e suas origens tem uma forma de pensar bem aberta quanto a este tema, seguindo o raciocínio correto de que livros de orações são mesmo apenas arranjos. Assim, costumam fazer suas orações espontâneas nos dias de semana com uma ‘mescla’ de orações fixas do Sidur para refeições, Kudush na sexta feira, etc. Na verdade, este tema sequer é cogitado entre a maioria dos judeus; pois é um fato consumado no pensamento e no consenso geral da maioria que ter Sidurim é básico; assim com uma Tanah.  Um livro de orações (Sidur), não pode ter um nível de santidade igual ou parecido com o Tanah, pois contém erros e falhas próprias de qualquer ser humano. Já as Sagradas Escrituras não foram feitas por seres humanos comuns, mas muito especiais que as receberam de Deus no tempo do Canon bíblico. Felizes somos nós, judeus que temos este conhecimento e que por isso estamos livres destes ‘grilhões’ que poderiam nos "prender". A loucura de se rezar freneticamente com um livro de orações de forma decorada. Tudo bem se você faz, mas saiba que Deus sabe ler. Então você dirá: “Estou lendo para mim.” Bom, se você está lendo para si, então está rezando para si mesmo? Quando lemos, sim estamos lendo para nós mesmos, para aprendermos. Faz sentido; mas ler para Deus…?! A única oração fixa estabelecida na Torá que temos conhecimento é a benção sacerdotal de Números 6:22-27. Naturalmente, se supõe que deveriam haver muitas outras no serviço sacerdotal no Templo de Jerusalém. Se haviam, não sabemos. É também possível que não existissem. Os sacerdotes faziam o que tinham que fazer, este era seu serviço sagrado, não havia necessidade de palavras, mas de pureza de coração e obras, seguindo exatamente como Moshé ensinara. Possivelmente não havia necessidade de palavras, a não ser aquelas de confissão de pecados sobre a cabeça do animal. O nome do ofertante muito provavelmente era falado também, e claro a oração de Yom Kupur feita pelo Sumo Sacerdote no dia do perdão que deveria ser muito especial e importante, que suponho existia de forma: 'formal' e escrita.  Aaron fez expiação pelo povo que morria, (Números 17:12 Bíblia Hebraica), com incensário nas mãos, e com certeza orava; mas qual era a oração a Torá não fala. Poderia ser uma oração espontânea de Aaron, suplicando misericórdia e piedade para o povo naquele grave momento. O incenso lembrava a urgência e a gravidade da situação. Não sabemos se havia algum padrão de orações fixas para cada serviço. A Torá não menciona.  No entanto, nos dias atuais e mesmo sem o Templo o espirito e alma de cada judeu sabe, quando Yahuh  Bendito seja, ouviu sua oração. Seja ela com o apoio e um livro ou sem ele. Usando sempre ou apenas de vez em quando, ou mesmo nunca usando livro algum. Devemos prestar atenção ao gemido de nossa alma, quando nos pede para busca-Lo de coração e alma. Um exemplo bom de como deve ser uma oração acredito que seja o Salmo 138:1 e 2 onde diz: “Inclinar-me-ei para o Teu Santo Templo e louvarei o Teu Nome,… no dia que eu clamei me escutastes; alentaste-me, fortalecendo a minha alma. O melhor livro de orações e meditação sempre será nosso Tanah (bíblia hebraica), e a nossa melhor oração será sempre aquela que conseguir sair do mais fundo de nosso coração e alma judaica. Portanto quem mantém sua prática judaica num nível reconhecido como louvável, estudando Torá e Tanah efetivamente, não precisa usar nenhum Sidur. Não existe mandamento neste sentido nem nunca haverá. Então, afinal, o que é uma oração? É uma conversa entre Seu Criado e você. O Salmista escreve: "Dá ouvidos Yahuh a minha oração e atende a vós das minhas súplicas. No dia da minha angústia clamarei a Ti, porquanto me respondes." (Tehilim 86:7 e 8). 

Não deixe que a 'mecânica das rezas sincronizadas' substitua inteiramente aquela prece pura e sincera vinda do íntimo de sua alma feita diretamente para seu Criador, o Elohim de Israel. (l Samuel 1:15). 


                            ESTA É UMA POSTAGEM DO  BLOG:  JUDAÍSMO  BÍBLICO E HOJE.

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