As setenta semanas - Daniel
cap.9 Apresentação
de acordo com as Escrituras Sagradas que fecham com os dados históricos.
Apresentamos aqui apenas a primeira parte da profecia.
Apresentado por Benyamin
ben Avraham.
בנימין בן
אברהם
Em Daniel 9:24-27 diz: "Setenta semanas estão fixadas para o Teu povo e a Tua cidade Santa, para fazer cessar a transgressão e lacrar os pecados, expiar a iniquidade e instaurar uma justiça eterna, para sigilar a visão e a profecia e para ungir o santo dos Santos. Fica sabendo, pois e compreende isto: desde a promulgação do decreto sobre o retorno e a reconstrução de Jerusalém até um príncipe ungido, haverá sete semanas. Durante sessenta e duas semanas serão novamente reconstruídas praças e muralhas, embora em tempos calamitosos. Depois de sessenta e duas semanas um ungido será eliminado, embora ele não tenha... e a cidade e o Santuário serão destruídos por um príncipe que virá. Seu fim será no cataclisma, e até o fim haverá guerra e as desolações decretadas. Ele confirmará uma aliança com muitos por uma semana, e pelo tempo de meia semana fará cessar o sacrifício e a oblação. E sobre a nave do Templo estará a abominação de desolação até o fim, até o termo fixado para o assolador.”
Transcrevemos acima as passagens bíblicas do
livro de Daniel, e daremos a você um esclarecimento cabal de acordo com a
interpretação judaica, sem desvios interpretativos com torções de
cálculos matemáticos, que sem base bíblica e histórica tem levado a erros
interpretativos, alguns sutis outros grosseiros. Estas passagens relatam a fala
do anjo Gabriel para Daniel em resposta a sua oração no final dos 70 anos do
cativeiro babilônico. A primeira leva de
Judeus se deu em 598 aec, e exatamente 11 anos depois a segunda leva, como
consequência da revolta do reino de Judá em 587-586 com a destruição de
Jerusalém e seu Templo. Ciro, o grande
imperador persa sem muito esforço conquistou Babilônia. Estava nos planos de
Deus usar Ciro, e assim a profecia de Isaías 44:28, onde 210 anos antes do seu
nascimento o Criador ordenou que fosse escrito no Pergaminho Sagrado do livro
de Isaías cap. 45:1, onde Ciro é chamado de: “Meu ungido”, não porque tenha
recebido óleo sobre sua cabeça, longe disto, mas com conotação de
"ungido" como escolhido para reinar e libertar o povo judeu. Ele
tinha sido escolhido por YHVH para uma função específica, assim como vemos em
toda a Bíblia, quando YHVH usa gentios e até animais para cumprir seus
objetivos (Números 22:30). Então neste mesmo ano o rei Ciro volta as batalhas de conquistas
e deixa no trono em seu lugar (provisoriamente) seu tio Dario. A Medo Pérsia foi portanto o império que
simbolizou o peito e os braços de prata da grande estátua do capítulo 2 de
Daniel. A cabeça de ouro tinha sido Babilônia. No ano seguinte ao retornar de
suas conquistas, Ciro promulgou o famoso decreto, permitindo-nos retornar a
nossa pátria, e assim reedificar o Templo e a cidade de Jerusalém, em 538-537
aec. É aqui exatamente que começa a contagem das setenta semanas pela profecia
bíblica com fundamento irrefutável com base na história, arqueologia e na interpretação correta das escrituras hebraicas. Como sabemos a palavra 'shavuah' significa semana, e tem sentido de sete. Pode ter sentido de um sete de dias
como também um sete de anos. Todavia, nesta profecia, logicamente não poderia
ser de dias, mas sim de anos. Assim sendo estas setenta semanas são setenta
grupos de sete anos, ou seja: 490 anos. Concentremo-nos no verso 24. Ali diz:
“Cessar as transgressões e ungir o santo dos santos”, (ou o “Lugar santo” como
em algumas traduções), esta é uma referência a profanação do Santuário, e não a
uma pessoa, como querem alguns teólogos ensinando que se refere a pessoa de
Yeshua (Jesus). Note o leitor que está escrito: “ungir”, ou seja: “reungir”,
porque como sabemos este lugar já tinha sido ungido uma vez, e se precisa
‘ungir’ novamente, é porque foi profanado; por isso a expressão: "ungir novamente", naturalmente. A ausência da Arca Sagrada não altera a profecia, pois esta cita a geografia do lugar e não: 'objetos' presentes ou ausentes. E uma pessoa não se aplica a este texto,
visto falar de unção pela segunda vez (porque foi profanado) e a pessoa em
questão não se encaixa nos propósitos desta profecia. O versículo
25 diz: “Desde a promulgação do decreto...” (decreto de Ciro), ...haverá um
príncipe ungido,..." (diz
"haverá um", com conotação para outro, um segundo ungido),
"Durante sessenta e duas semanas serão novamente construídas as praças e
as muralhas, embora em tempos calamitosos.” Essas: ‘sessenta e duas semanas’
neste versículos no original hebraico estão entre parênteses, pois são assuntos
completamente separados e não fazem parte dos acontecimentos das primeiras
‘sete semanas’. Todos os acontecimentos relativos as primeiras sete semanas, ou
seja: 49 anos, tiveram cabal cumprimento, independente dos acontecimentos
sequenciais às sessenta e duas semanas. A história provou que neste interim (49
anos), foi reconstruído e ornamentado o Templo, e reedificadas as praças, ruas
e muralhas. Portanto, este ‘príncipe ungido’, deste
período de 49 anos não é o mesmo ‘ungido’ do período seguinte que compõe
sessenta e duas semanas, ou 434 anos. Todavia, podemos afirmar com convicção que o
período de partida para a contagem tanto de um como de outro acontecimento foi
o decreto de Ciro. ll Crônicas 36:22,23; Esdras 1:1-3. Observe que só este
decreto está atrelado a profecia, pois dele saiu a ‘ordem para restaurar’, ou
seja, foi o primeiro, portando os outros também cumprem a profecia como um
todo, mas não como referência profética para o início da contagem das semanas.
Lhe parece estranho que lhe falo que são acontecimentos separados ? Pois
continue lendo e lhe provarei. Veja, os cristãos unem as sete semanas + as
sessenta e duas (7+62) para formarem uma profecia única de 69 semanas ou 483
anos. Agora então eu pergunto: Será que Daniel não
sabia escrever a palavra ‘sessenta e nove’ ? ... Ou será que ele não sabia somar 7+ 62 = 69 ?
Se estava separado na explicação do Livro Sagrado, é
porque tinha que ser entendido separado, caso contrário não estaria
separado, pois eram acontecimento que deveriam acontecer em tempos diferentes.
Ao se fazer a leitura no idioma original esta é a única opção que a mente do
leitor estudante percebe e aceita sem nenhuma dúvida. O raciocínio é natural e
imediato. Uma única profecia prevendo 2 acontecimentos futuros em datas
diferentes. Este conceito é plenamente aceito como verdadeiro por todas as
correntes judaicas, inclusive rabanitas. O verso diz: “Sabe e entende, que desde a saída
da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém até um príncipe
ungido, sete semanas, e
sessenta e duas semanas, as ruas e as muralhas se reedificarão, mas em tempos calamitosos.” Daniel 9:25.
ESCLARECENDO O LEITOR: Uma leitura atenta no
verso acima, nos fará peceber que quando fala no português: "até um príncipe ungido haverá sete semanas", a expressão "até um" dá a entender que haverá
outro, um segundo ungido, pois que dada a ordem da restauração, começa de
imediato o período do primeiro ungido. Então entendemos com clareza que
não está dizendo que levará 49 anos para que apareça o primeiro, mas está
dizendo que este é o período do primeiro ungido que estaria atuando, cumprindo
a primeira parte da profecia. E como sabemos ele aparece já na primeira semana, e embora a profecia
disse que o período dele era de 49 anos, não necessáriamente ele precisaria de
todo este tempo para cumprir sua missão, mas o prazo era este.
Veja o leitor, que a primeira
parte (aqui em outra
cor para entender) ocorreu num tempo de bonança, pois Ciro mesmo deu a ordem e
providenciou todas as coisas necessárias para a edificação. A segunda
parte (em azul) está bem especificado no final do versículo: “Tempos
calamitosos”, ou seja, a obra teria oposição e haveria dificuldades,
ficando claro que se tratava de épocas diferentes. Mais claro que isso, não dá
...! Note que diz: “As ruas e as muralhas se reedificarão”, querendo
dizer que passados o primeiro período de sete semanas (de anos), as praças, as
ruas e as muralhas estariam desgastadas, e precisariam de novamente restauração ou "edificação", e isto seria feito então dentro
deste segundo período de sessenta e duas semanas. E o relato bíblico em Neemias
deixa isto bem claro, ou seja: No vigésimo ano de Artaxerxes, se cumpriu a
profecia. Todo este período teve início após os 70 anos de cativeiro. Para
entendermos isso bem, leiamos o registro de ll Crônicas 36:21-23.
“Para se cumprir a palavra de YHVH proferida pela boca do
profeta Jeremias, até a terra haver repousado dos seus sábados; pois todos os
dias da desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram. Ora, no
primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia para que se cumprisse a palavra de YHVH
proferida pela boca de Jeremias, despertou YHVH o espírito de Ciro, rei da
Pérsia, de modo que ele fez proclamar por todo o seu reino. De viva voz e
também por escrito este decreto: Assim diz Ciro, rei da Pérsia: "O Senhor
o Deus do céu me deu todos os reinos da terra, e me encarregou de Lhe edificar
uma casa em Jerusalém, que é em Judá. Quem há entre vós de todo o seu povo suba,
e o Senhor seu Deus seja com ele.” O mesmo também está em Esdras 1:1-4.
Relato do escritor Fávio Joséfus, que viveu no primeiro século, que está escrito no livro: História dos hebreus, volume 1 páginas 233 e 234 “No primeiro ano do reinado de Ciro rei dos persas, setenta anos depois que as tribos de Judá e Benjamin foram levadas escravas para Babilônia, Elohim tocado de compaixão pelos seus sofrimentos, realizou o que Ele havia predito pelo profeta Jeremias antes mesmo da ruína de Jerusalém e que, depois de passados setenta anos em dura escravidão sob Nabucodonosor e seus descendentes voltaríamos ao nosso país, reconstruiríamos o Templo e gozaríamos de nossa primeira felicidade. Assim, pôs Ele no coração de Ciro escrever esta carta e mandá-la por toda a Ásia. Eis o que declara o rei Ciro: “Nós cremos em Deus todo Poderoso, que nos constituiu rei de toda a Terra o deus que o povo de Israel adora, pois Ele predisse por seus profetas que nós traríamos o nome que trazemos (Obs: ‘Nós’ aqui é plural majestático, ref. a ele, Ciro), e reconstruiríamos o Templo de Jerusalém, consagrado a Sua honra na Judéia.” (ll Crônicas 36:22).
Este soberano
da época escreveu nestes termos, porque havia lido as profecias de Isaías,
escritas 210 anos antes da destruição do Templo, que Deus o tinha feito saber
que ele, Ciro, seria rei sobre várias nações, após ouvir a leitura das
profecias e tê-las lido, ficou muitíssimo admirado de como elas estavam
escritas com riqueza de detalhes, que desejou cumpri-las imediatamente. Desta
forma, mandou reunir em Babilônia os principais dos judeus e disse-lhes que
permitiria voltar ao seu país e reconstruir a cidade de Jerusalém e o Templo.
Além disso, encorajou-os dizendo que não deveriam esmorecer em sua fé, pois
Deus os auxiliaria neste empreendimento. Ciro escreveu aos príncipes e
governadores das províncias vizinhas a Judeia dando-lhes ordens bem claras para
que nada do que eles solicitassem fosse negado, incluso os animais para os
sacrifícios, em seu tempo determinado, conforme a Lei de Moisés. Ao tomarem conhecimento da vontade de Ciro, e
entendendo que foi o Yáhuh, o Elohim de Israel que propusera este designo, os
chefes das tribos Judá e Benyamin dirigiram-se imediatamente a Jerusalém.
Algumas famílias nobres e prósperas em Babilônia não quiseram ir, mas ajudaram
fornecendo ouro e prata, animais, carros e provisões. Ciro restituiu neste
tempo os vasos sagrados levados do Templo no reinado de Nabucodonosor, os quais
tinham sido levados para Babilônia, encarregou Mitrídates, seu tesoureiro-mor
para esta tarefa. Ciro escreveu esta carta aos governadores da Síria
como segue: “O rei Ciro, a Sisina e a Sarabazem, saudação. Nós
permitimos a todos os judeus que moram em nosso território e que quiserem
voltar ao seu país, que para lá se retirem com toda a liberdade, que
reconstruam a cidade de Jerusalém e o Templo de Deus. Mandamos a Zorobabel, seu príncipe, e
a Mitríades, nosso tesoureiro-mor, que lhe lancem os alicerces e o elevem a
altura de sessenta côvados, com a mesma largura, e três ordens de pedras
polidas e uma de madeira, que existe naquela região. Queremos também que lá se
erga um altar para se oferecerem os sacrifícios a Deus e entendemos que todas
as despesas sejam feitas por nossa conta. Restituímos também por meio de
Mitríades e de Zorobabel os vasos sagrados que o rei Nabucodonosor retirou do
Templo, para que lá sejam recolocados. Seu número é de ... etc, etc. O número
dos judeus que voltaram a Jerusalém foi de 42.462.” O escritor Flávio Josefo
que viveu entre 37 e 103 ec, em plena “era apostólica”, destacou que Zorobabel
foi destacado como príncipe, (veja Esdras 2:2 e Esdras 3:2) fechando com a
perspectiva profética para aquele momento, ou seja,
ele era mesmo o príncipe desta primeira semana. No seu livro histórico
na página 237, Josefo diz que o ungido desta primeira semana foi o sacerdote
Yessua (Jessua). Não há confusão, calma, continue lendo. Sempre que a
profecia fala menciona os dois juntos, pois um era o príncipe que executava e
recebia o apoio dos políticos, e o outro era o que tinha a unção, de forma que
a primeira vista pode causar confusão, mas não há equívoco. Eles trabalhavam em
equipe, (assim como fizeram Esdras e Neemias), de formas que um dependia da
atuação do outro para o cumprimento da profecia, da mesma forma como o sumo
sacerdote não pode oficiar sem os outros sacerdotes.
O segundo príncipe ungido. O
segundo ungido foi o sacerdote Onias III conforme profetizado em Daniel
8:24,25, e que foi deposto por volta de 175 aec sendo assassinado pelos
homens de Antíoco Epífanes. Onias é o segundo príncipe ungido da segunda parte
da profecia, conforme Daniel 11:22. "Confirmará uma aliança com
muitos" Esta passagem se esclarece com Daniel 11:30-32, esta
"aliança" aqui se refere a reunião dos ímpios em torno da tirania de
Antíoco, conforme se ve registrado em l Macabeus 1:21,43, 52 e l Macabeus 4:10.
Daniel 9:26 diz: "Depois de sessenta e duas semanas um ungido será
eliminado, ..." Assim identificamos claramente que houve dois ungidos,
e não apenas um, para se entender a profecia em suas duas partes.
Josefo nos seus escritos com o título: ‘Estudo
perspicaz das Escrituras’, páginas 680 do 3º volume ele escreve sobre a
construção do Templo: "No sétimo mês, que é o mês de etanim do ano 537
(aec), o altar já estava erguido e no ano seguinte foi lançado os alicerces do
novo Templo". Assim como Salomão foram contratados construtores sidônios e
tírios para trazer cedros do Líbano, veja Esdras 3:7. A oposição,
principalmente por parte dos samaritanos, desencorajou os construtores, e
depois de 15 anos estes opositores até mesmo incitaram o rei da Pérsia a
embargar a obra. Nosso povo havia parado a construção do Templo e se voltado
para outros interesses, de formas que Yáhuh nosso Elohim enviou os profetas:
Ageu e Zacarias censurando-os por tal atitude, e através deles fazer renovar os
esforços, e isto aconteceu no segundo ano de Dario l (520 aec). Depois disto
expediu um decreto real que apoiava a ordem original de Ciro e ordenava que se
fornecesse dinheiro do tesouro real para suprir as necessidades dos
construtores e sacerdotes. (Esdras 5:1-2 e 6:1-12). A construção foi reiniciada
e o Templo concluído no dia 03 do 12º mês do calendário judaíco, sendo sexto
ano de Dario (515 aec).
PRECISAMOS ENTENDER QUE OS OUTROS DECRETOS TAMBÉM CUMPRIRAM SEUS OBJETIVOS:
Decreto de Dario l – Este decreto também estava nos planos do Eterno que para poder confirmar o decreto de Ciro, Ele permitiu que os sidônios e tírios embargassem a construção do Templo por 15 anos.
Decreto de Artaxerxes. O decreto de Artarxerxes no sétimo ano do seu reinado em 458 teve cumprimento de seus objetivos que eram os de apenas ornar o interior do Templo (Esdras 7:27). Ele foi cumprido cabalmente, pois os vasos de prata e ouro que pertenciam ao Templo foram devolvidos. Neste decreto estava incluso as despesas extras com: sal, trigo, azeite e vinho. Este decreto teve como principal objetivo porém, o de devolver os vasos sagrados. Este decreto não poderia estar ligado com a ordem da construção do Templo, pois quando ele foi efetuado já havia 58 anos que o Templo estava construído. Os teólogos cristãos anexam este decreto a contagem das setenta semanas e afirmam que ele pertence aos “tempos angustiosos”, porém isto não é real, pois os registros históricos comprovam que este decreto não foi para construir nada, e se realizou em plena paz e tranquilidade com aval real. Se queremos entender a profecia da maneira correta como deve ser entendida, não podemos distorcer nem mudar os fatos através de “arranjos” para combinar com o parecer deste ou daquele grupo, mas com a realidade dos fatos históricos e proféticos. Com as bênçãos da Torá, paz a todos.
ESTA É UMA POSTAGEM DO BLOG: 'O JUDAÍSMO BÍBLICO E O JUDÍSMO HOJE'.
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