Quipá e tsitsit.




Quipá e tsitsit.

Por: Brenyamin ben Avraham.

   Sabemos que os sacerdotes no Bet Hamikdash usavam a mitra, estola sacerdotal, uma cobertura específica para sacerdotes. O uso da cobertura para a cabeça tinha além de função religiosa, funções de proteção contra o calor do sol e também de se manter uma tradição. Um belo turbante era sempre bem visto. Sabemos que sempre existiram judeus que ficaram em Israel, mesmo com todos os exílios. Estes eram os colonos judeus; sendo estes os mesmos que repassaram o hebraico que se havia perdido. Sendo indagados após 1948 quando Israel volta a ser nação confirmam que o povo usava uma cobertura para a cabeça tipo turbante a séculos. Nos tempos bíblicos segundo eles, se usava um tipo de faixa que se enrolava na cabeça, semelhante ao que alguns judeus falashas ainda usam. Os judeus da Etiópia são uma boa referência, não sofreram influência dos judeus modernos. Eles não sofreram a interferência da doutrina farisaica, pois estavam separados geograficamente deles por uma grande distância e por gerações (cerca de 2.000 anos).  Se você quer usar turbante enrolado na cabeça está bem, mas veja a roupa que você usa hoje, não é as dos tempos bíblicos; você lê sua bíblia só em português, inglês, espanhol ? Pois é nos tempos bíblicos só podia ler em hebraico e aramaico. Não se havia feito 'traduções' em outro idioma. Devemos entender que adaptabilidade não só não é proibida como verdadeiramente é necessária. A Tenda Móvel que guardava a Arca no deserto perdeu sua função quando Israel se fixou na terra prometida. Isto é adaptação e foi necessária. Nem todos os judeus falashas hoje em dia usam mais aquelas roupas da Etiópia estando agora em Israel. Quem quiser usar fique a vontade; continua sendo a forma original. (Não confundir com os falashas mura). Sendo homem e deixar de usar o quipá em uma reunião religiosa entre judeus é algo pouco educado, e felizmente nunca presenciei tal fato.  Devemos entender que algumas coisas simplesmente não são práticas, e precisamos adaptá-las. É verdade que o quipá na forma como está hoje (muitas formas), surgiu na Babilônia justamente pela condição social que vivia o povo e pela carência de tecidos, etc. Mas além de tudo pela praticidade. O Quipá é prático e cumpre a função que é cobrir a cabeça, assim com o chapéu, boné, e outras. Um sinal de respeito e uma forma de sinal de submissão. Eu estou a baixo, o Criador acima. Moisés pôs o véu sobre sua cabeça cobrindo junto o rosto nos momentos que falava com Deus. Acredito que é isto que todo judeu sente ao usar o quipá, ou outra cobertura; uma "divisória de santidade", um símbolo de submissão, respeito. Além de um sinal judaico de diferenciação dos demais povos e costumes. Uma tradição? - E por que não?! Uma tradição respeitosa será sempre bem vinda em qualquer raciocínio moral e ético. Assim uma simples peça e tão pequena, acaba por ter um valor estimativo, religioso e carinhoso ajudando-nos a viver judaísmo. Você não quer usar, acha que não tem nada haver...?!  Então você ficará isolado. Esta peça cumpre sua função muito bem. Algo parecido com o que a roupa faz com a nossa nudez, não precisávamos por tantos enfeites as vezes, mas acabamos por nos acostumar, com 'apetrechos' e não ficamos mais sem eles: relógios, gravatas, lenço, alianças, etc.  Tudo bem que cobertura para a cabeça não tinha esta forma nos tempos bíblicos; não era assim lá no princípio. Todavia, com esta explicação isto são meros detalhes não é mesmo...? E com o tempo ela foi sofrendo mudanças no formato até chegar ao que é hoje. Alguns não acendem  as velinhas do Shabat (Judeus caraítas e outros mais),pois entendem que isso não é certo (Êxodo 35:3). Outros grupos de judeus com alguns costumes  diferentes podem receber elogios as vezes, é uma questão de ser justo, penso eu. E além do mais Elohim não está tão interessado em  pormenores de "aparência" mas em coisas muito mais importantes da espiritualidade. Nem sempre uma coisa adaptada diminui a importância da outra. E se usar o quipá nos faz sentir melhores, dando-nos a sensação real de cumprir uma mitsvá, devemos usar. Eu não conseguiria usar o turbante bíblico nos dias de hoje e sua forma causaria estranheza aos da minha volta. Adaptabilidade em cada geração é percebida entre o povo sagrado durante todas as eras. Ela é muito mais percebida nos dias atuais da era moderna, com a introdução cada vez maior dos muitos tipos de vestuários e a introdução da tecnologia dentro das casas e Sinagogas. As Sinagogas dos tempos bíblicos não tinham câmeras de segurança, iluminação especial nem computadores. As de hoje tem e contudo não deixam de ser sinagogas por isso. Se eu não usar tsitsit por julgar que meu vestuário hoje não tem 4 cantos, acho que está bem. Mas ao fazer a prece matinal e usar o Talit verei os tsitsiot e me lembrarei dos mandamentos e é esta a função da veste e seu sinal. Mas me reservo o direito de achar que eles devem ter o fio techelet para serem 'verdadeiramente tsitsiot'. Esta 'adaptabilidade' de certa forma forçada e necessária por causa das grandes mudanças da era moderna ao meu ver, não fere os princípios básicos do judaísmo; ao contrário: fortalece-o. "Pois o Yahuh Elohim não vê como vê o homem, ..." (l Samuel 16:7).  
Tsitsit e o fio azul

 Prossigamos : Nestas passagens por exemplo: Êxodo 36:11; Números 15:37-38; l Crônicas 28:10; Salmos 111:10 Sabemos que o tsitsit tem fio azul, e deve ser posto nos cantos do vestuário, mas não temos detalhes de como ele era construído. Porém, não nos falta inteligência; então facilmente fizemos os tsitsiot e o usamos. O tsitsit mesmo é só o fio azul conforme a Torá, sendo que o branco de certa forma pode fazer parte das franjas e está ali para realçar o azul. O fio branco mescla os tsitsiot a franja, porém o fio azul é que cumpre o mandamento. Este é o motivo de ter sido posto ali. Portanto se você usar um tsitsit contendo fio azul, está correto, azul marinho, que era a cor da planta índigo, e quando estava no deserto comprava a mesma de mercadores e tingiam eles mesmos os fios. (Não havia como transportar um molusco no lombo do camelo no deserto, não havia geladeira). Porém um achado arqueológico na era moderna em Israel encontrou um tsitsit ainda em condições de passar por exames de laboratório, e se constatou que a tinta usada no tsitsit era de uma planta chamada índigo, bem comum nas beiras dos rios de Israel na epoca. Uma planta fácil de encontrar o que deixava a manufatura dos tsitsiot acessível a todas as classes sociais judaicas. Assim sendo, conforme lemos nas passagens citadas, Yahuh Elohim quer que cubramos a cabeça no momento da prece mas que também usemos os tsitsiot juntamente. Outros judeus insistem em usar a tinta extraída do molusco Hilason, e penso que não há nada  de errado nisso, visto que a Torá não especifica a fonte da extração da tinta para cumprir a mitsvá, mas exige que seja azul. O achado arqueológico ao meu ver, deveria acabar com a dúvida, mas o uso de outra fonte não invalida o mandamento.  Ele nos deu inteligência para lermos o que está escrito e para fazermos estas indumentárias corretamente. Ele confia na inteligência que nos deu. Também para os serviços no Templo Yahuh especificou todos os detalhes e assim não se podia fazer diferente. Para o Elohim de Israel que conhece os corações judaicos não importa se nós oramos em hebraico, português, ou em russo, Ele O Criador aceita; pois somos seu povo Israel.  (Sofonias 3), e Ele conhece tudo. Hoje nosso vestuário não é mais quadrado, o que abre um leque gigante para interpretações do uso ou não uso dos tsitsiot, usar ou não por baixo o talit catan, etc.  Ficando a obrigação quase unanime ao uso do Talit com os tsitsiot (com ou sem o fio techelet), na hora da prece matinal como a melhor forma de cumprir o mandamento de acordo com o melhor que cada um pode dar e como este judeu alcançou entendimento, independente da sua Sinagoga. Eu particularmente prefiro com os fios azuis.

                                                                     ESTA É UMA POSTAGEM DO BLOG: JUDAÍSMO BÍBLICO E HOJE.

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